domingo, 27 de setembro de 2009

Da Luz e Sombra...

A primeira vez que ouvi esse termo de “luz e sombras” se referia a algum estilo artístico de pintura ou algo assim, não me lembro ao certo.
Mas essa semana, voltei a pensar sobre luzes e sombras ao observar a lua. A figura da fase minguante do nosso satélite aparecia no céu em um ângulo que se assemelhava com um sorriso.
O céu sorria pra mim naquela noite e, é claro que estou longe de ter uma vida do jeito que sempre quis, mas alguma coisa dentro de mim dizia que devia confiar e agradecer porque o céu sorria para mim com um ar de “tudo vai dar certo”...
Tentei compartilhar esse momento e esperava que alguém naquele momento olhasse para a Lua com os mesmos olhos, que visse e sentisse o mesmo que eu.
Aquele sorriso alegrou minha noite, e não consegui parar de pensar nele. Luzes e sombras... Basicamente isso definiu o formato da Lua naquele dia com o reflexo da luz dos raios solares e a sombra da Terra sobre a superfície lunar. Assim somos nós.
O tempo inteiro nossa forma se resume a uma combinação de luzes e sombras; na intensidade, ângulo, forma, presença, ausência de cada uma delas sobre nossa alma e nosso espírito. Aquilo que nos é sombra pode nos transformar em uma figura de inspiração para alguém que nos olha sob um determinado ângulo.
Assim como a Lua temos nossas fases onde explodimos em viçosa luz, contagiando e iluminando tudo a nossa volta; normalmente essa fase precede uma fase minguante; onde sombras projetam-se sobre nossa alma e deixamos de iluminar por completo. Apesar da semântica antagonista da frase, não pense que encaro isso como negativo. As sombras nos permitem formas diferentes de nós mesmos, quando revelamos o que somos em pequenas porções para que possam formar seres diferentes provenientes da mesma luz.
Temos fases em que queremos sumir, renovar nosso espírito e se apresentar como uma lua nova, para que depois, de uma forma crescente, possamos caminhar de volta na direção da lua cheia e assim voltar a trazer luz para tudo e todos que estão a nossa volta.
Observe a natureza. Todo ano, os elementos da natureza declaram guerra contra si mesmos: o inverno luta contra as forças da primavera, e isto é tão destruidor como as guerras humanas . Também nós passamos por este processo e, muitas vezes, precisamos morrer por algo que não compreendemos muito bem. Mas, assim como a consciência de uma planta no meio do inverno não está voltada para o verão que passou, mas sim para a primavera que irá chegar, esse deve ser o nosso sentimento. Precisamos acreditar que tudo vai dar certo, que novos tempos virão, que chegaremos até a próxima primavera e que um dia seremos capazes de atingir nossos sonhos.

Conto da Saudade

Era uma vez a solidão, era pois não existe mais. No meu coração, onde uma vez povoava a angústia e a solidão hoje habitam, felizes e contentes, os sonhos de uma vida a dois. Muitos desses sonhos já habitaram esse lugar e partiram, partiram para um lugar melhor, partiram para a cidade da lembrança, pois hoje são sonhos realizados que ficarão habitando para sempre as memórias da minha vida.
Tudo corria bem nessa linda cidade governada pelo prefeito amor e a sua ministra, a paixão; até que meio sem que ninguém notasse veio morar ali uma senhora linda, que iria abalar a vida daqueles habitantes.
A estonteante saudade veio se alojando devagarzinho, mas a cada dia que passa consegue ocupar mais e mais espaço. Enquanto a saudade parece crescer mais, a solidão tenta se aproveitar da distração geral e se alojar em algum cantinho do meu coração, mas é só até que o amor a encontre e a despeje do local onde ela não tem mais direito de habitar. E, enquanto isso, a saudade cresce e vai tomando conta de todo o coração. Muitos se perguntam por que sendo o prefeito tão grande e poderoso permite que a saudade chegue ao ponto de ofuscar muitos dos sonhos que ali habitavam antes da bela invasora chegar, mas o que poucos deles sabem é que o amor gosta da companhia da saudade e no fundo ele sabe que a saudade não é uma habitante permanente, muito pelo contrário, geralmente vai embora mais rápido do que veio.
Meu coração vive nesses tempos muita agitação, a confusão instaurada pela gigantesca saudade acaba abrindo portas para alguns sentimentos que já não freqüentavam mais esse local. Alguns medos, algumas incertezas e até, porque não, algumas tristezas se alojam em acampamentos isolados, mas que fazem parte do meu coração.
Não se engane pensando que a saudade é má porque ela não é, ela só é meio desajeitada, seu tamanho gigantesco acaba por ferir, meio que sem querer, alguns sonhos e também sem intenção acaba por derrubar algumas muralhas que guardavam o coração e seus habitantes. No entanto, em meio a tanta confusão, impera ainda uma certeza em todos que habitam o meu coração, é a certeza de que o amor é o mais poderoso entre eles e que é ele quem acaba por alimentar e dar sustento a todos os sonhos, a todos os medos, a tudo; até mesmo à saudade.... Ah! a saudade.... por mais que cresça (e só durante estas anotações ela deve ter triplicado de tamanho) a saudade continua doce e bela...
Não pense, caro leitor, que ela traz consigo somente coisas ruins, só para que tenha uma idéia a saudade é assim tão bela porque ela vem vestida de incríveis lembranças; usa um colar feito de maravilhosas emoções passadas e tem o rosto da minha amada. Sua voz é tal como a voz daquela que amo e seu beijo é de um sabor insuperável. Não é a toa que o amor adora a companhia da saudade.
Mas, mesmo tão bela, todos percebem que a saudade é oca, que quanto mais ela cresce, mas ela deixa um vazio dentro do coração. Esse vazio ainda é governado pelo amor, mas enquanto estiver ainda sob a luz da saudade, nada consegue habitar aquele lugar. Todos no coração procuram uma resposta, um porquê para aquela situação e a resposta vem da governadora do norte, a razão.
A razão, através de seu embaixador no coração, a esperança, explica que é para o bem de todos, que logo essa situação vai se acertar e que breve também voltará a funcionar em plena atividade a fábrica de felicidade, que hoje funciona apenas com metade da sua capacidade devido aos efeitos da saudade. Muitos dos sonhos ficaram sem lugar e hoje habitam sob o teto da esperança que sempre os incentivou e ajudou. O importante é que nenhum sonho se perdeu, muito pelo contrário, essa situação toda fez crescer um sonho, que já não era tão pequeno, e que agora é quase tão grande quanto a saudade; o sonho de viver com minha amada é agora igualmente enorme. Há também outros sonhos que se aproveitaram da situação, como o sonho com os beijos dela, o sonho com os seus carinhos, o sonho com a sua simples presença também se reforçaram e aumentaram suas forças.
A verdade é que só existe uma unanimidade, todos os que habitam meu coração e minha razão só pedem uma coisa, só querem uma coisa: todos clamam pelo mesmo nome, todos têm o mesmo desejo; todo meu corpo desde o dedo mindinho do pé até meu coração daria tudo para que ela estivesse aqui para marcar com um beijo o ponto final dessas confissões.
"talvez tudo ainda não seja suficiente"
ou talvez esse não seja o ponto final....

domingo, 6 de setembro de 2009

Do Ouvir...

Recentemente resolvi experimentar o Twitter. É uma das febres da Internet e, como usuário da rede há mais de 15 anos, achei que devia conhecer. Confesso que achei interessante, pessoas lançando pensamentos livres ao acaso na rede, tal como funcionaria um blog, mas com menos compromisso e maior praticidade.

Um dos motivos para o grande sucesso do Twitter é a presença assídua de grandes celebridades e pessoas famosas que fomentam a curiosidade dos fãs e admiradores que querem ver qual a mais nova resposta do seu ídolo para a pergunta padrão do Twitter que é: O que você está fazendo?

Resolvi tentar; não tinha intenção de fazer nada como esse blog nos meus tweets, a idéia era comentar o que estivesse acontecendo no mundo, principalmente futebol, uma maneira de fazer um fórum de discussão entre meus amigos.

No fundo a gente sempre quer que alguém leia o que escrevemos, a gente quer disseminar nossa opinião, é natural do ser humano, é uma forma de ser aceito, respeitado ou admirado (embora este blog mesmo, tenha comentado apenas com 3 pessoas e não faço idéia se mesmo elas acessam ou já acessaram alguma vez, a minha motivação aqui é, de fato, outra). Nenhum dos meus amigos usavam o Twitter e a coisa toda ficava meio sem sentido, escrever o que eu penso para que apenas eu leia. Resolvi usar do Orkut então para procurar seguidores e outros Twitters que achasse interessante e pudesse seguir.

Foi então que reparei em uma coisa no tópico para divulgação da comunidade específica do Twitter; em menos de 1 minuto eram postados mais de 80 divulgações, a maioria dos mesmos usuários com o endereço repetido por dezenas de vezes afim de ocupar mais espaço na tela. Havia ainda, em quase todas, a proposta de “se me seguir eu te sigo na hora, garantido!”

Cheguei a fazer um post sarcástico que provocava dizendo algo do tipo se você for capaz de entender o endereço do meu twitter de primeira, sem que eu tenha que encher a tela, ou postar um monte de vezes a mesma coisa, está convidado. Era algo assim, mas não adiantou nada em menos de 2s meu recado já havia sumido em páginas anteriores e certamente nunca nem foi lido.

Fiquei pensando, a gente está tão preocupado em falar, em ser ouvido, em ser admirado, em ser o centro das atenções que a gente acaba por não ouvir o outro. Quantas vezes você se pegou numa conversa em que você ou estava falando ou pensando no que você ia falar logo assim que o outro acabasse de falar qualquer coisa fosse aquela que ele tivesse falando. Não há centro das atenções. Mesmo que você esteja falando a atenção de quem escuta possivelmente está voltada para a próxima chance que ele terá de falar e vice-versa.

Nós somos cheios dessas incoerências e contradições, porque todos temos as mesmas necessidades emocionais que necessitam do outro para serem atendidas ao tempo que não estamos dispostos a suprir a de mais ninguém.

É claro que não é sempre assim, há dias em que uma possível autoconfiança elevada, uma pré-disposição de relacionar-se com o mundo, uma felicidade com ou sem motivo, nos deixa mais receptivos (que no meu ponto de vista é o contrário, a idéia do estar receptivo é quando na verdade estamos mais generosos, dispostos a oferecer mais que de fato receber, mas isso é só um parêntese), quando isso acontece, a gente consegue de fato ouvir o outro e participar, contribuir, de forma que a conversa, o tweet, o fórum, o blog, evolua para um pensamento de um grupo e assim ganhe força para ser o centro das atenções e não só da sua atenção.

Estou aqui, na confortável posição de quem é lido, de quem nesse momento recebe a sua atenção e se não me ouvir, nada do que penso mudará. Mas se de fato ouvir as palavras que eu escrevo (!?), pode comentar, concordando ou não, e isso pode não mudar meu ponto de vista mas me fará saber que existem outros e, por mais que não seja o seu, posso um dia encontrar um melhor que o meu, ou posso começar a aprimorar o meu baseado em todos os outros. Isso também, se eu conseguir ouvir o seu comentário...

Afinal, foram as diferentes opiniões que, ao longo da história, levaram o homem à descobertas incríveis e à evolução que chegamos hoje. Não foi porque Deus criou os diferentes idiomas que o projeto da Torre de Babel fracassou; imagino, deviam ser pessoas muito inteligentes e determinadas que ousaram construir uma torre até o céu; falhou porque ninguém esteve disposto a ouvir e aprender o que o outro começou a dizer para dar sequência na construção.

sábado, 5 de setembro de 2009

Da Sinceridade...

Qualidade né?! Será? Isso é uma questão muito apofântica. Existem tantas versões da realidade; tantas visões diferentes do mundo; quem disse que a sua verdade é a certa?

Existe uma linha muito tênue entre a sinceridade e a crueldade. Principalmente quando lidamos com as pessoas que nos amam, uma palavra nossa pode ganhar um efeito devastador e quando você achava que estava sendo honesto, sincero, fazendo bem em externar sua opinião para que o outro soubesse exatamente o que pensa, na verdade é só o puro egoísmo. Muitas vezes, a motivação é só se livrar daquilo que você pensou disparando como uma flecha sem se importar com o estrago que vai causar a quem ouve.

Não pense que sou a favor da mentira ou da omissão (que nada mais é que a versão covarde e mais cruel da mentira). Certas coisas precisam ser ditas, e uma pessoa de personalidade é uma de opinião formada e que sabe dizer “sim”, “não”, “gostei”, “não gostei”, etc., mas ninguém tem o direito de ferir o outro com as suas convicções. O que não for construtivo, o que não for para o bem, guarde para você; ou melhor, nem guarde. Descarte esse pensamento, esteja aberto a receber a outra visão do mundo e respeite os outros, principalmente a quem te ama.

Seja sincero consigo mesmo; reflita sobre suas ações e pensamentos e diga para você mesmo o que está errado e se aperfeiçoe. Não se engane, não crie ilusões, não fuja do que é real. Entre você e sua consciência não pode haver mais nada que a mais pura sinceridade, mas cuidado ao falar; as palavras são como flechas, depois de disparadas não tem volta mais e nenhuma segue uma trajetória idêntica. Saiba como, quando e com quem falar. Essas são as condições do ambiente que vão interferir na trajetória das suas palavras e não é incomum a gente mirar o cérebro, a razão e atingir mortalmente o coração, os sentimentos de quem nos amam.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Do Medo...

Sentimento dos covardes é a primeira coisa que me vem na cabeça! Como alguém que se paralisa em situações em que devia agir, quando devia tomar atitude. Em outra visão, é o mais puro sentimento de instinto de sobrevivência. De uma forma ou de outra é o sentimento mais egoísta do ser humano.

Ás vezes é normal sentirmos pesar por aqueles que não tem coragem, mas estas são as pessoas que mais merecem ser hostilizadas porque pensam só nelas, e na maioria das vezes sua ações ou omissões prejudicam mais a si mesmo que as outras pessoas.

Citando Guimarães Rosa: “O medo é a extrema ignorância em momento muito agudo.”

Sabe por que não temos o medo na mesma categoria que o ódio, a mesquinharia, a crueldade, a vingança e outros tantos sentimentos vis? Porque todos sentimos medo. Ele é tão comum no ser humano quanto o sangue que corre nas veias. Alguns podem lidar melhor com certos tipos de medo, mas não haverá quem não se depare com seu arqui-rival em algum momento na vida; e então ele te paralisará.

Paralisar por medo é como perder sem disputar, é o fim da honra, é o cúmulo da fraqueza e, seja você quem for, vai passar por isso.

Prepare-se para a derrota! Não há quem seja invicto nas batalhas contra seus medos. Atitudes, que podem findar como positivas ou negativas, serão geradas por ações onde o medo lhe dominou. Ao não atravessar uma ponte de cordas a ponto de ruptura por medo de cair você pode ter ganho alguns anos de vida; mas ao virar as costas a uma oportunidade de ser feliz pode ter lhe proporcionado alguns anos de morte, uma vida sem vida.

O arrependimento normalmente acompanha o medo, e a sensação de fracasso pode ser o ingrediente fatal para transformar o medo em fobia. Como combatê-los, não sei. Aqueles medos que sei superar é porque encontrei onde me apoiar para fechar as portas do meu coração. Aqueles medos que não consigo lidar, ainda me fazem cometer erros absurdos e são meus companheiros de jornada, e em alguns momentos, onde tudo mais fraqueja, são o guia.

Aqui estarão até que meu coração produza anticorpos precisos para combatê-los ou enfraquecê-los. Hoje, este coração aguarda moléculas de fonte externa para compor o anticorpo perfeito para pôr fim a esse parasita mortal.

Não espere a vacina, seus medos são só seus e a composição deles é como uma molécula de DNA, não há clones.

Um dos efeitos do medo é perturbar os sentidos e fazer com que as coisas não pareçam o que na realidade são, por isso, tenha medo e os aceite, mas também tenha coragem e enfrente-os. E lembre-se que enfrentar o medo é uma guerra, e que batalhas serão perdidas e vidas maculadas antes da glória final.

Se o medo é o instinto de sobrevivência, a coragem é o instinto de viver!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Da Energia do Amor...

Textos e mais textos foram e serão escritos no mundo inteiro para se falar de amor, esse tem a intenção de falar do amor entre homem e mulher, mas não tem a menor pretensão de conseguir explicar ou retratar essa coisa do outro mundo.

É impressionante a força que tem algo que não se pode ver ou tocar. Essa energia é tão avassaladora e intensa que, meros mortais como nós, na maioria das vezes não sabemos dominá-la e, como quem segura algo muito quente, terminamos por perder totalmente o equilíbrio e ferindo alguém ou a nós mesmos.

O amor constrói com a mesma facilidade e rapidez que põe tudo abaixo. Ele te orienta, define rumos na sua vida e de uma hora para outra decide mudar de destino e você, passageiro impotente dessa viagem louca, se resigna a sofrer os solavancos da estrada ao mesmo tempo que aprecia a beleza do caminho.

O amor é tredo, ao tempo que te dá abrigo e conforta, exige de você um esforço emocional pesado, te escraviza. Essa energia já fez a humanidade construir legados belíssimos e criar histórias eternas; mas já causou a ruína de impérios, bem como já fez mais vítimas fatais que muitas doenças biológicas.

O que é isso tão poderoso que Deus permitiu que tivéssemos acesso?

Essa luta que o amor exige termina sempre, inevitavelmente, por causar feridas em nós mesmos ou em quem se ama. E o que fica são cicatrizes, que podem levar de horas até a eternidade para fechar. Mas não me permito falar do passado com mágoas, nós somos o que já fomos, e exibo minhas cicatrizes com orgulho, porque com algumas aprendi que estava errado e tive a oportunidade de corrigir, ou pelo menos tentar, e com outras aprendi que certos erros eu vou cometer para sempre porque fazem parte de mim e, no fim das contas, não existe ninguém perfeito, não busque isso porque se pensar assim vai acabar um dia se decepcionando; a gente tem que amar as pessoas não porque são perfeitas, mas sim apesar dos seus defeitos.

Pense bem, a forma como agimos pode ser considerada certa ou errada, defeito ou qualidade, dependendo de todo um contexto. Faça um churrasco de picanha na Índia e possivelmente será morto, mas aqui, se ainda bancar a cerveja, pode acabar vereador da cidade. É uma analogia estranha, mas é que nem sempre o que deu errado com alguém é necessariamente um erro. É preciso discernir, se o que estava errado é a sua forma de amar, ou a pessoa amada. Fácil né?! Nem um pouco... Procure focar nos motivos certos; fazer a coisa certa pelo motivo certo é o ideal; fazer a coisa errada pelos motivos certos, também vale; mas não se permita fazer qualquer coisa pelo motivo errado, é insalubre demais, independente do resultado.

É preciso também ter consciência que o amor não foi feito para durar. As pessoas mudam, e isso é um processo normal. A mágica do amor eterno está na sintonia da mudança. Perdurarão aqueles que, por alguma razão, conseguirem mudar na mesma direção e no mesmo tempo, e é preciso um “q” sobrenatural pra isso acontecer, uma coisa maior, intangível e inexplicável. Relacionamentos podem durar sem que isso aconteça, mas o amor...

Depois das últimas experiências que passei, descobri que o "pra sempre" sempre acaba (como diz a música). Não me leve a mal, apesar de parecer, não é uma conclusão pessimista, muito pelo contrário; quando você compreende que nada é pra sempre, você consegue adotar uma postura diferente e começa a valorizar e fazer daquele momento sempre algo bom. Não é nada do tipo de quem tem uma experiência de quase morte e diz que vai passar a aproveitar cada segundo da vida e essas coisas, mas é começar a olhar o que está perto; é agir sobre o que está ao alcance; é se jogar de um precipício e apreciar a vista durante a queda esperando que o chão nunca chegue. Sabe aquela coisa do conto de fadas que diz viveram felizes para sempre? Essa deve ser a história de todo dia. A utopia, a meta final pra mim, é conseguir uma história de amor em que cada vez que fechar os olhos para dormir eu tenha a sensação do “felizes para sempre”, e no dia seguinte poder começar com mais um "era uma vez..."

sábado, 29 de agosto de 2009

Da Paternidade...

Já há alguns anos eu tenho dentro de mim uma vontade enorme de ser pai. Fui casado por 7 anos, e por 5 anos decidimos que não era o momento; ora por questões financeiras ora por outras prioridades, mas planejávamos um filho como quem agenda uma reunião. Tivemos inclusive a prepotência de escolher o signo do bebê.

Talvez essa insolência com o destino tenha sido a causa pela qual essa gravidez nunca veio, mesmo quando desejamos que viesse.
Meu casamento terminou e essa idéia de ser pai anda tão fixa na minha cabeça que passei a ter um olhar totalmente diferente sobre algumas coisas que dizem respeito a crianças e um carinho anormal por mulheres grávidas. De alguma forma isso parece reagir com o mundo, nesses últimos meses quase toda vez que toco a barriga de uma mulher grávida o bebê chuta.

Comecei a pensar na minha ânsia pela paternidade e que a reação do bebe não necessariamente pode ter sido por uma sensação boa.

Começo a duvidar se estou preparado para ser pai. O destino quis que não acontecesse, e o pai que quero ser exige um homem que eu não sei se sou hoje. A começar pelo fato de estar solteiro e sozinho, quero ser pai de uma criança fruto de um amor forte e verdadeiro, e cada vez mais isso parece mais distante. Esse pai também precisa ser emocionalmente forte e eu me sinto cada vez mais vulnerável.

Li um texto uma vez que dizia que um sábio muito temente a Deus havia subido a montanha com seus seguidores para um retiro. De lá, ele avistou sua vila ser atacada por bárbaros que saqueavam, queimavam a cidade, aprisionavam mulheres e crianças e matavam os homens.
Vendo aquilo o sábio se ajoelha próximo a beira da montanha e em alto e bom som diz que gostaria de ser Deus naquele momento.
Os discípulos, decepcionados, questionam o sábio porque esse sentimento. Como ele pôde blasfemar dessa forma querendo ser Deus para interferir no que acontecia como se afirmasse que Deus estava errado.
O sábio então explica que não queria ser Deus para mudar nada, mas sim para entender o que estava acontecendo.

Tenho fé que ainda serei pai um dia, e um dia eu revisitarei essa reflexão com uma sensação de vitória. Por enquanto, ser Deus já me bastava...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Do Trânsito...

Voltava para casa do trabalho e estava parado no semáforo, respeitando o sinal vermelho. Na minha frente um rapaz em uma moto que não partiu quando o sinal ficou verde. A primeira reação é um leve toque na buzina para fazer o motorista, então distraído, atentar-se ao sinal de trânsito. Mas reparei que ele não olhava pra frente, mas sim nitidamente para uma jovem que passeava com um cachorro na calçada que também olhava pra ele.

Não me importei com o trânsito ou com o tempo, queria ser cúmplice daquela troca de olhares; desejei por um instante que pudesse surgir um amor naquele momento.
Não sei qual era intenção de cada um naquela breve troca de olhares, e poucos segundos levaram até o motoqueiro seguir viagem sem parar para falar com moça que passava, mas foi uma boa sensação de ver que os amores são como as pessoas, a todo momento morre um e nasce outro e assim nunca vamos parar de amar e, mais do que perpetuar a espécie, esse sentimento, eu acredito, que fez nossa raça evoluir.

Mais a frente, o trânsito fica lento em virtude de uma obra que ocupa metade da pista em um determinado trecho do trajeto. Nesse momento os carros reduzem sua velocidade e afileiram-se enquanto eu vejo as motos “costurarem o trânsito”, quase na mesma velocidade porém cada motoqueiro com sua própria manobra. E, enquanto isso, os carros iguais, independente de ano, motor, marca, potência, seguem lentamente pelo único lado da pista liberado. Após este trecho os carros voltam a acelerar e as motos voltam a andar enfileiradas no meio da pista ou próximo ao meio fio.

A forma, a velocidade, o jeito com que temos muitas vezes que ultrapassar por obstáculos da nossa vida depende muito de como conduz seu coração. Se ele tiver que ser carregado na caçamba de uma carreta, carregado de sentimentos, pesado, sua capacidade de manobra diminui muito, não há velocidade, não há desvio, é um longo caminho em velocidade lenta e solitária. Se seu coração estiver conduzindo um carro, sabe que precisa considerar o porte que ele apresenta, pode fazer você ter que reduzir em bloqueios de pista e curvas acentuadas, mas permite a você carregar consigo aquilo o suficiente para seguir viagem; enquanto o coração motoqueiro, leve e ágil desvia com manobras fantásticas e ultrapassa os obstáculos que a vida apresenta.

Assim como no trânsito, o motoqueiro está mais exposto. Ele é o seu próprio para-choque e uma queda pode causar sempre mais estrago. No carro o seu coração tem onde se proteger, em quem contar.

Você pode alcançar o seu destino de qualquer jeito, a forma a velocidade é que serão diferentes. É preciso aceitar que, quando alguém se move muito devagar, é porque essa é sua única maneira de percorrer aquele caminho e, quando valer a pena, reduza sua velocidade, acompanhe-a em caravana, porque tal como é com o caminho acontece com o amor.

sábado, 22 de agosto de 2009

Do Acidente...

Dias destes dirigia tranquilamente para o trabalho, aprendi que a pressa no trânsito, especialmente em uma cidade como Uberlândia, não tem o menor sentido já que a diferença entre percorrer meu trajeto correndo ou não, significa menos de 5 minutos a mais de viagem, e ainda me faz perder a oportunidade de ouvir mais uma música enquanto me preparo para o dia que inicia.

Neste dia, ao fazer a primeira curva logo na saída da minha rua uma caminhonete vinha na contra-mão de forma acelerada e por pouco não houve a colisão.
Só para alinhar as expectativas, não estou aqui pra falar de uma experiência fora do corpo ou medo da morte ou que decidi desde então aproveitar cada segundo, não é por aí. A situação em si e a velocidade que eu estava provavelmente não feriria ninguém, só a dor de cabeça que uma batida de carro pode dar com conserto, polícia, seguro, etc...

Pensei naqueles 15 segundos, talvez menos. Será que os 15 segundos a mais que aquele motorista ganhou ao fazer uma manobra errada e tão arriscada fizeram diferença no dia dele? Os 15 segundos que eu enrolei um pouco mais enquanto ligava o rádio (que poderia ter sido feito com o carro em movimento), mas que naquele dia só dei a partida depois de escolher cuidadosamente uma música no mp3 player, esses 15 segundos me fizeram falta?

Nesse dia senti que vivi menos, transferi para aquela pessoa 15 segundos do meu dia que teve então 23:45, afinal se fizesse o certo teria que ter contornado o quarteirão e ao invés de gastar 30 segundos na manobra levou apenas 5 para chegar a sua rua destino. Espero que ele tenha feito bom uso.

Sei que evitou um acidente, mas comecei a pensar além disso; situações drásticas fazem a gente valorizar o tempo e a forma como lidamos com as coisas, mas a todo momento ganhamos ou perdemos 15 segundos, 30 minutos, 2 horas, dias, semanas, meses ou anos em coisas aparentemente erradas, perigosas, sem razão ou sentido mas que podem determinar em algum momento da vida um fim, um início, um começo, um acontecimento...

Passei a acreditar que certas coisas são parte de um plano que muitas das vezes a gente não entende. Então, da próxima vez que esquecer uma chave, ou sua carteira, ou qualquer outra coisa que faça você voltar e “perder” tempo, pense além daquele sentimento de incompetência (como pude esquecer isso?!), pode ser a maneira do destino dizer que você precisava “ceder” alguns segundos do seu dia.

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